A Endorphins Lab não é um nome novo por aqui. Já falamos sobre o selo e o importante trabalho feito pela valorização da cultura beatmaker em uma entrevista com o allb, um dos fundadores da Endorphins. Mas, para aqueles que ainda não conhecem, Endorphins Lab é um selo curitibano independente de beatmakers que nasceu do amor viciante pela música, da vontade em conhecer todas elas e pela arte da curiosidade e da observação.
Formado por adoradores da música instrumental e apaixonados pelo Hip-Hop, pai da matéria em misturar, subverter, repaginar, samplear e lembrar do esquecido, o selo busca as mais diferentes influências, sem colonização cultural ou imposição de modismos.
Em 2020, a Endorphins lançou sua primeira coletânea intitulada “Headnod Mixtape”, com foco na música brasileira, reunindo 36 faixas, se tornando a maior mixtape já lançada em território nacional.
No momento que estudávamos este projeto, sentíamos que não estávamos cumprindo nosso papel de se conectar com a comunidade beatmaker. Por isso, julgamos que a coletânea seria a melhor forma de se ligar aos artistas, dando livre acesso ao selo, a quem quisesse participar. Já a ideia dos samples brasileiros, pensamos ser o tema mais óbvio para um selo daqui, porém teve algo que pesou para a definição dessa tema. Muitos ouvintes as vezes dão mais atenção para os artistas internacionais que usam samples brasileiros em suas criações. Geralmente isso acaba naquele estilo meio que ‘música brasileira pra gringo ouvir’. A ideia era ter beats não óbvios usando samples de música brasileira, essa foi uma das premissas para seleção das faixas.
allb
Agora, em 2021, o selo lançou o volume 2 da maior coletânea de beats do Brasil. Com uma edição focada na música japonesa, a Endorphins Lab reuniu 23 produções de beatmakers de todas as partes do Brasil, depois de um processo de seleção. Entre eles estão SonoTWS, Leopac, Rafa Jazz, Goribeatzz, Nightmare Beats, CMYK, Guta, Sark, Acazo, Lucasbin e muito mais.
Endorphins Lab evidenciando a música japonesa
O Japão tem o segundo maior mercado musical do mundo. Mas além de consumir nos mais diversos formatos, os japoneses também produzem muito. Infelizmente, poucos projetos e artistas ganharam evidência no Brasil. É por isso que no segundo volume da Headnod Mixtape, a Endorphins Lab decidiu focar em samples de música japonesa, por ela ser rica, única, peculiar e com timbres e instrumentos característicos da cultura local. Essa identidade está presente nos mais diferentes estilos musicais, desde o Pop ao Jazz Fusion, Rock Progressivo e Funk.
Isso é um parque de diversões para os beatmakers, porque tudo isso traz um frescor para que eles criem a partir desses samples. Também tem um pouco de ligação com as histórias dos samurais, mangás, quadrinhos. O Wu-Tang Clan, por exemplo, usou muita referência de música japonesa. Isso tem uma certa relação também com a história do Hip-Hop. E essa também é uma forma de celebrar as Olimpíadas realizadas em Tóquio,
diz allb.
No processo de seleção, os mais de 40 beatmakers tiveram a oportunidade de enviar dois instrumentais -sendo escolhidos apenas um deles -, seguindo critérios pré-definidos: beats predominantemente instrumentais, tipo headnod (cheios de groove, suingue e balanço, que fazem o pescoço dançar), e samples de qualquer estilo japonês (Tradicional, Jazz, Funk).
De quase 60 produções enviadas, 23 foram escolhidas após uma minuciosa avaliação feita por allb, Pietro Domiciano, Vinícius Moscato e parceiros da Endorphins. Na lista final de selecionados, entraram sons de Sark, Lossio, SonoTWS, Acazo, KNID, guta, L E K I N, Devaneio beatz, Coalhada, mayksoundsystem, C M Y K, Rafa Jazz, Goribeatzz, Loading…, Cosmo Curiz, 0x646464, Nightmare Beats, Ckhustomn, Leopac, Meninsk, Ezekielus, Lowiebeats e lucasbin. E na versão para Bandcamp, Soundcloud e (da futura) fita K7, foram incluídas mais duas bônus tracks assinadas pelo Bala de Banana S.A e pelo Aeoner.
O propósito da Endorphins é dar voz a esses profissionais, que normalmente ficam relegados ao segundo plano, pois o MC acaba tendo o papel de protagonismo. A gente quer que a inspiração, a viagem e a jornada musical seja feita através das pesquisas e sons produzidos por eles. O beatmaker é um fornecedor, um artista, um artesão de batidas que, hoje, não se limita mais ao Hip-Hop,
allb
Todos conseguiram imprimir o próprio estilo, usando diferentes elementos da musicalidade nipônica. Apesar da singularidade, eles se complementam. A soma de todos cria a cadência necessária para manter o pescoço balançando ao longo dos 60 minutos.
Esse projeto tem como propósito promover o trabalho dos beatmakers. Por isso, criamos um material que represente a essência deles que são os instrumentais. Essa é a grande matéria prima gerada pela cultura musical,
observa allb.
O volume 2 da maior coletânea de beats do Brasil já pode ser ouvida em todas as plataformas digitais. As cassetes têm previsão de lançamento para o início de agosto. Não esqueça de acompanhar o rolê da Endorphins Lab nas redes: Instagram, Facebook e YouTube.