O legado de Missy Elliot

Meio século de vida no dia de hoje! Uma homenagem à artista multifacetada que redefiniu o curso do Hip-Hop, do R&B e do Pop americano desde o fim dos anos 90.

Os anos 2000 eram uma incógnita para qualquer cidadão minimamente influenciável. Próximo à virada do século, o mundo oscilava entre profecias catastróficas, medo de conflitos globais e da tecnologia, que demonstrava cada vez mais poder e avanço. É nesse contexto que brilharia a estrela Missy Elliot – rapper, cantora, compositora e produtora musical – nascida no estado de Virgínia e que já mirava no futuro desde sua estreia.

Impacto estético imensurável através de videoclipes

Quando estávamos fazendo esses vídeos há 20 anos, já estávamos em 2020. O trabalho estava à frente de seu tempo, e quando você olhar para ele agora irá senti-lo tão à frente e rico como foi na época.

Ambrose em entrevista à Vogue, nos bastidores do VMAs 2019.

Tanto o clipe quanto a composição afiada de “She’s a Bitch” mostram Missy com os dois pés na porta de um cenário misógino e não apenas ressignificando uma palavra, mas solidificando seu lugar no movimento.

Anos antes, em 1993, a artista assinou a composição e a produção de “That’s What Little Girls Are Made Of”, single de Raven-Symoné, mas foi cortada do vídeo por não ter a imagem padrão que os produtores buscavam. Esse fato só mostra o quão lendária foi sua postura, chegando longe sem ceder ao sexismo que infelizmente vemos até os dias atuais.

“Sista”, trabalhos como produtora musical e colaborações épicas

Capa do álbum de estreia do grupo “Sista”

No fim dos anos 80, Missy Elliot, LaShawn Shellman, Chonita Coleman e Radiah Scott formaram o grupo de R&B “Sista”. Nessa missão, Missy recrutou seu amigo de infância de Virginia Beach, ninguém menos que o rapper e produtor Timbaland, para assinar as produções do grupo.

Missy Elliot e Timbaland / Foto: John Shearer

Sista assinou com o selo Swing Mob após chamar a atenção de seu dono, o produtor DeVante. Em 1995 o selo se encerrou e seus membros dispersaram. Elliott, Timbaland, Magoo, Ginuwine e Playa colaboraram entre si pelo restante da década.

No ano seguinte, a notável Aaliyah recebeu disco duplo de platina por seu álbum “One in a Million”, que teve 9 faixas escritas e produzidas por Elliot e Timbaland. A dupla seguiu a mesma fórmula de sucesso no single “Get on the Bus” do grupo Destiny’s Child, e a parceria entre os amigos continuou frequente na carreira solo de Missy, que também colaborou como produtora em faixas de Mel B, Whitney Houston e mais.

Missy Elliot / Foto: Dimitrios Kamboris

Constantemente lembrada por seu espírito colaborativo, a carreira de Missy se iniciou e sempre contou com belíssimas parcerias. Em seis álbuns , 1 EP e diversos singles lançados, a artista colecionou feats com artistas como Ludacris, Pharrell Williams, Tweet, Da Brat, Mary J. Blidge & Grand Puba, Ciara & Fatman Scoop e muito mais. Algumas colaborações externas com Mariah Carey, J Cole, Janet Jackson e com a amiga de longa data Lil’ Kim, também se destacam.

Missy coleciona cinco Grammys, um museu em seu nome e diversos outros prêmios e honrarias. Com uma caminhada tão fantástica na música, no audiovisual e na arte como um todo, é ainda mais triste pensar como um legado desses pode ser desconhecido ou desrespeitado, como foi em sua participação no intervalo do Superbowl, como convidada da Katy Perry, onde rolou um buzz na internet com várias pessoas perguntando “Quem é Missy Elliot?”

Para que essa indústria que sucumbe ao racismo, machismo e à arte genérica jamais possa negligenciar os seus feitos, é necessário lembrar e honrar, hoje e sempre, essa multiartista que influenciou toda geração que se seguiu à partir dela.

Vida longa, Missy Elliot!

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