Tetriz-kalamidade

TETRIZ tá de volta na sua caixa!

"Passar de fases sem dar tilt" Matéria Prima sobre Bonus Stage de Tetriz

Tetriz, trio formado por Goribeatzz, Matéria Prima e Ramiro Mart, chega a seu terceiro EP: Bônus Stage. O projeto que traz 7 músicas soa como um presente para os fãs de Hip-hop e games. Tetriz tá de volta e bateu um papo com Kalamidade sobre produção, projetos e perspectivas.

O time Tetriz

“É uma fase especial, fazemos uma transição de sonoridades e ideias mas ainda dentro do universo que é o game muito louco que o Tetriz vem nos trazendo“, conta Ramiro. Sempre acompanhados de Leandro Lassmar para dar vida à identidade visual, ele foi responsável por todo o cenário de vídeogame/game boy com a fita do clássico Space Invader. Além do quarteto, Godzilla.Jpeg ficou responsável pelas animações para as redes sociais. Skilo é o responsável pelos lyrics videos. E os DJs Castro e Makô somaram com scratchs e colagens. Já Pablo Duca trouxe a bateria, Arthur Moreno no baixo e Victor Lemos no sax.

EP – TETRIZ – Bonus Stage

Bonus Stage – Tetriz

Vai Além abre o EP já mostrando uma nova estética nas produções de Gori. O uso de sintetizadores que casam com o ar de games somados à já conhecida afinidade nas rimas de Matéria e Ramiro. Fica claro o quanto o grupo não tem medo de ousar e criar algo novo a partir do que já fazem com qualidade.

Cuidado Com Quem Desabafa é uma surpresa para os fãs. Responsável por toda identidade visual do Tetriz, Leandro Lassmar foi o produtor da faixa que ainda contou com riscos e colagens de DJ Castro. Aqui Matéria e Ramiro nos alertam sobre confiança em pessoas que não merecem e a repetição desse erro ao longo da nossa caminhada. Em alguns momentos ficar calado e refletir sozinho – com um travesseiro ou uma garrafa – é a melhor das opções.

Vizinhança nos coloca de frente com o famoso zé povinho. Em cima de uma base que traz sensação de realmente estar em uma briga, os MCs discorrem essa pessoa que não cuida da própria vida e fica de olho na alheia. Aquele vizinho que arruma qualquer assunto pra encher o saco sem nem conhecer de quem fala, e ainda por cima não vê que está no erro.

Leitura Dinâmica é a faixa mais curta do EP. 1 minuto e 43 segundos de um beat hipnotizante, entre o ouvir e o ver tudo de Matéria e Ramiro podemos nos sentir num ambiente um tanto sombrio proposto na produção de Gori.

Planeta Proletário é mais uma surpresa e uma das minhas favoritas. Uma belíssima mistura da produção de Gori com bateria e baixo de Pablo Duca (BeatBassHighTech) e Arthur Moreno. Essa é mais uma faixa que mostra o quão forte é a identidade do grupo. Ao longo do som os MCs rimam situações de um mundo punk, e não a toa é dessa mesma forma que a faixa se encerra.

Dor no Peito é uma união com o clássico Elo da Corrente. Além do grupo a faixa ainda conta com riscos e colagens de DJ Makô e sax de Victor Lemos (Zé Bigode Orquestra). O suprassumo do underground com um refrão que explora o lado melódico de Matéria. Um fechamento de trabalho que mantém a boa qualidade de ponta a ponta.

Agora o que nos resta é fazer como o filho de Gori, apertar o continue e esperar ansiosamente pelo retorno de TETRIZ.

Trocamos uma ideia com o grupo sobre o processo de produção para dar vida ao Bonus Stage.

Bate Papo com Tetriz



K: A faixa “Calma” foi lançada em novembro de 2019. De lá pra cá em qual momento vocês decidiram iniciar a criação desse EP?

M: A gente deu uma break depois de Calma e durante a pandemia trocamos uma ideia e resolvemos voltar a fazer um som. Demos um gás no som mesmo no meio do caos, eu produzindo um disco, o Gori produzindo beats e o Ramiro fazendo mil mix/masters.

K: Gori e Ramiro já trabalharam a distância no “Áudio Mensagem”, e desde o primeiro trabalho vocês já têm o hábito de trabalhar a distância pelo fato de morarem em estados diferentes. Esse ano de quarentena influenciou de alguma forma na hora de dar vida ao Bonus Stage?

Tetriz: Sem dúvida. A gente concordou que era hora de fazer música para se mexer e não se matar de pensar no que tá acontecendo.

Universo gamer: Bonus Stage

K: Quando saiu o Primeira Fase em 2017 o Ramiro conta que ficou um pouco receoso por questão de o nome Tetriz por não ter muita conexão com o assunto tratado no trabalho. Notamos a identidade do Tetriz mais atrelada ao tema videogame nesse EP. Desde o nome, identidade visual com a capa na pegada Space Invaders, a arte de divulgação com o game-boy e a fita, e também em algumas produções. Pode-se dizer que estão adentrando cada vez mais nessas referências?

G: Eu meio que escolhi essa temática noventista para a divulgação por ser algo que conversava totalmente com o mundo gamer que a gente combinou que queria transmitir nesse último trabalho. Os jogos que eu escolhi foram meio que alguns que marcaram muito uma época da minha vida e tal. Algumas referências dos que usei são Final Fantasy, Top Gear, Mario, Pokémon, Pac Man e uns outros eu criei da própria cabeça mesmo. Esses foram os cenários que escolhi transportar os manos do TETRIZ divulgando o EP. Fiquei tranquilo com o que estava fazendo depois que escutei a última faixa, que é o filho do Gori jogando e pegando o continue da nossa Bonus Stage. Aquilo ali foi a cereja do bolo que fazia tudo conversar com o que a gente fez fora das faixas.

Sonoridade Tetriz

K: O Ramiro comentou em um vídeo sobre uma transição de sonoridades, com elementos orgânicos junto da essência já conhecida do grupo. Pablo Duca, Arthur Moreno e Victor Lemos chegaram junto nessa missão de colocar os instrumentos presentes no EP, certo? Como isso funcionou?

R: O TETRIZ tem uma identidade sonora muito forte impressa pelo Goribeatzz, que além de beatmaker tem uma visão muito profunda sobre produção musical. Numa de nossas conversas no grupo do whats ele sugeriu alguns instrumentos para dar uma enriquecida na produção. A princípio ficamos um pouco preocupados, pois isso demanda tempo e o nosso estava bem escasso. Mas acabou que deu tudo certo! Eu convidei o Pablo Duca que é um grande amigo de vida, baterista e produtor musical aqui de Volta Redonda. Ele tem estúdio próprio e gravou as baterias tudo lá no QVP, que é o nome do estúdio. Arthur Moreno e Victor lemos foram indicações do próprio Gori, pois ele já estava trabalhando com eles em outras produções e aproveitou uma dessas sessões pra gravarem.

K: Vocês estão sempre inovando a cada trabalho. Assim como no Segunda Fase a faixa “Caboclo” me chamou atenção, agora no Bonus Stage a “Planeta Proletário” me transportou pro Hangar 110, uma casa clássica aqui de São Paulo que rolava shows de Punk e Hardcore. Como foi o caminho até resultar na faixa mesclando esses estilos musicais?

R: Foi novamente um direcionamento do Gori, ele sempre quis botar uma bateria orgânica real em cima de algum beat dele e dessa vez tivemos a ocasião ideal para isso, pois “faltava” algo pra essa música. Num beat meio bounce desdobrado caberia uma bateria bem pesada em cima, mas não durante a musica toda mas sim em um “especial”. Foi quando acionei meu grande amigo Pablo Duca, que inclusive já tocou em diversas bandas de harcore e punk, essa é a escola dele. Ele soube aproveitar muito bem o instrumental e inserir a linha de bateria pra nós.

Produção, parcerias e projetos

K: Conta como rolou a criação da faixa produzida pelo Leandro Lassmar, responsável por toda a identidade visual do Tetriz.

L: Então, o som começou pelas capas. Rolou um contato com o Matéria, eu já escutava o som dele há mais tempo. Ai escutando o 2 Atos eu puxei um papo com ele, e foi um negócio bem massa. Ai ele chamou para fazer a capa do TETRIZ, que na época não tinha um nome ainda, ai foi rolando! Conheci o Ramiro e Gori e rolou uma conexão massa, as capas e a identidade foram surgindo dessa troca, foi algo bem fluido e ainda está tomando forma, tem muito para explorar. Ai nessas conversas – eu gosto de música pra caramba – fiquei azucrinando o Gori, mostrando o que eu ficava fazendo.

Eu já estava pegando umas ideia de beat com um amigo de infância que faz. Aí ele me deu umas orientações bem massa e mandou essa pro Ramiro e pro Matéria sem eu saber. Do nada chega uma guia com os caras cantando, eu quase enfartei rs. O negócio foi só ficando mais cabuloso quando recebi a versão com os scratch do DJ Castro. Na real esse som foi meio que um presente que eles me deram no meio de um caos pessoal.

K: Mais uma vez a mixagem e masterização foram feitas no Studio Setor?

R: Sim, todos os trabalhos do TETRIZ são mixados e masterizados por mim no Studio Setor. A gravação que foi de forma diferente dessa vez. Sempre o Matéria vinha para minha casa e fazíamos um intensivão de gravação, porém com a pandemia ele gravou as rimas na própria casa e me enviou as vozes para que eu pudesse trabalhar.

K: Como vocês escolhem as participações? Em todos os trabalhos uma faixa tem convidados. Sabemos que a conexão com Pitzan, Caio, Castro e Makô vem de anos.

M: As participações surgiram meio que no processo com exceção do Elo da Corrente, que já estava com uns beats do Gori pra gente fazer uma. Mas talvez como um single, tipo Calma. O Gori sugeriu as participações do Pablo Duca, Victor Lemos e DJ Castro.

K: O EP traz muitos assuntos do nosso cotidiano como política, luta de classes, relações interpessoais e aquela cutucada clássica na galera que está na cena pelos motivos errados. Como rola esse processo de escrita e temática?

M: Acho que é natural fazer uma crítica e trazer um olhar sobre a realidade recente. Quase que automático quando se pega na caneta e ouve o beat. Quanto à cutucada, não tem alvo ou pretensão de pagar de pá. Nem dar carteirada rsrs. É um jogo de habilidade, e a gente só mostra que ainda sabe bater uma bola.

K: Durante a criação de novos trabalhos vocês se permitem ouvir músicas de outras pessoas? O quanto do que estavam ouvindo no dia a dia reflete nesse EP?

M: A gente vive antenado, não tem jeito. Tem muita coisa sendo produzida e é interessante estudar o que tá rolando. Mas no processo a gente foca no que tem que ser feito e fica um pouco alheio ao chamado das novidades.

K: Sabemos da dificuldade de produzir um material audiovisual, ainda mais no momento em que vivemos. Há o pensamento de transformar alguma faixa em clipe?

M: Eu aposto em animação, até mesmo porque a distância entre nós três é grande e o momento não permite muitos movimentos. E pelo fato de nossa identidade visual ter esse estilo, acho que é coerente tentar fazer algo assim.

M: Passar de fases sem dar tilt rsrsrs.

K: Obrigada Tetriz pelo bate papo, vida longa!

Ouça BONUS STAGE:

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