sampleando capas

Sampleando Capas #02

Abusando do conceito de sample, selecionamos (mais) 10 capas que "samplearam" outras na segunda edição do quadro Sampleando Capas!

Oi, você por aqui novamente? Essa editoria não tem como né?! É minha favorita também, por isso selecionei mais 10 capas que “samplearam” capas mais antigas para essa versão 2.0, 100% atualizada, do nosso querido quadro Sampleando Capas:

1 – Original: Bem-Vinda Amizade (Jorge Ben) / Sampleada: ERREJOTACULTDRILL, Vol. 1 – Mal Vindas Amizades (Big Bllakk)

Antes de falar um pouco sobre as capas, quero mandar um abraço para os meus companheiros da FLAGRA (antiga Genius Brasil), foi por uma postagem deles sobre a capa de “ERREJOTACULTDRILL, Vol. 1” que a chama pra escrever voltasse a ascender nesse corpo que por alguns meses cogitava a aposentadoria das mídias de Rap.

O trabalho lançado em 2021, pelo MC carioca Big Bllakk figurou entre os finalistas em diversas premiações do Rap nacional, além de reunir um time de produtores bastante talentosos composto por Pedro Apoema, Samuka, Peon e Erick Di, o EP conta com a voz vibrante e os flows intensos do MC que incorpora o trabalho com muita qualidade. A capa foi assinada por Marcel Lapa e Denílson Sobre.

Sua capa é inspirada no álbum “Bem-Vinda Amizade” de nosso queridíssimo Jorge Ben, lançado em 1981 pela Som Livre, com musicalidades que percorrem por estilos como MPB, Samba e Soul. Esse trabalho teve sua capa assinada pelo fotógrafo Óskar Sjöstedt e pelo designer Tuninho De Paula.

Amante do caos, sujeito de sorte
Em busca de um lugar na areia
(Bem e Mal prod. Samuka & Pedro Apoema)

2 – Original: Doggystyle (Snoop Dogg) / Sampleada: EP Putodiparis (Putodiparis)

“Doggystyle” foi o álbum de estreia do, até o momento, conhecido “Snoop Doggy Dogg”, lançado em 1993 pela Death Row Records, sendo definitivamente um dos responsáveis pela disseminação do G-Funk pelos Estados Unidos. Com participações de nomes como Nate Dogg, Dr. Dre e George Clinton, “Doggystyle” é um dos pilares da dominância do West Coast Hip-Hop nos anos 90.

Alguns bons anos se passaram, e em 2021, diretamente do Rio de Janeiro, um jovem MC lançava seu EP que levava seu próprio nome como título, “PUTODIPARIS” que em sua tracklist carrega umas das faixas mais icônicas de seu ano de lançamento, “Chico Buarque Interlúdio”, simplesmente a ressignificação da mistura de Rap x MPB.

A capa de “PUTODIPARIS” foi assinada por GT que já vem colaborando com o PUTO em outras trabalhos como no EP “MADAME” de 2020. A capa que serviu de inspiração para o trabalho de 2021, foi assinada por Joe Cool.

3 – Original: Amar Pra Viver ou Morrer de Amor (Erasmo Carlos) / Sampleada: Circus Maximus (Morlockk Dilemma)

“Amar Pra Viver ou Morrer de Amor” de Erasmo Carlos foi lançado em 1982, pela gravadora Polydor. O álbum leva consigo faixas como “Filosofia de estrada” em parceria com Roberto Carlos, e a “Mesmo que seja eu” que teve seu boom nacional ao ser regravada pela cantora Marina.

Já em 2011, na Alemanha, mais especificamente em Leipzig, o rapper Morlockk Dilemma soltava seu quarto álbum de estúdio, intitulado “Circus Maximus”, álbum esse que o próprio MC produziu 17 das 20 faixas e conta com colaborações de outros nomes da cena do Rap alemão como o produtor Suff Daddy e do DJ D-Fekt.

Infelizmente não encontrei o responsável pela identidade da capa do cantar brasileiro, porém a capa de “Circus Maximus” é da dupla V.Raeter e The Binh.

4 – Original: Hotline Bling (Drake) / Sampleada: Adivinha (Lucas Lucco)

Acredito que não tenha muita necessidade de apresentar o HIT “Hotline Bling” do Drake lançado em 2015 e com mais de um BILHÃO de reproduções no YouTube, mas caso você não conheça: essa música é responsável por inspirar um dos maiores clássicos do Rap carioca dos últimos anos: King Mack & Delarhyme – Hot Nine Bling.

Um pouco mais de um mês depois, nosso compatriota Lucas Lucco lançava seu álbum “Adivinha” do qual eu não tenho muito o que dizer por motivos óbvios: eu não ouvi! Mas vale ressaltar que nos últimos meses o cantor colaborou com artistas da cena como Kayblack, Vulgo FK, MD Chefe e DomLaike.

A capa de Lucas Lucco foi assinada pela designer Bruna Sales com fotografia de Eusébio Mendonça, infelizmente sobre a capa de Drake não encontrei informações sobre o responsável.

E o King Mack irmão do Shiryu
Fica pancadão com a língua toda azul
Conhece todas bocas da norte a sul
E todos os resorts que tem swimming pool
(King Mack & Delarhyme – Hot Nine Bling)

5 – Original: Blue Train (John Coltrane) / Sampleada: All of the Above (J-Live)

John Coltrane é unanimidade quando falamos sobre Jazz. Considerado por boa parte da mídia norte-americana como um dos maiores saxofonistas da história, em 1957 o mesmo lançou seu álbum “Blue Train”, com 5 faixas. Os outros instrumentistas que trabalharam nesse lançamento foram: Lee Morgan (Trompete), Curtis Fuller (Trombone), Paul Chambers (Contrabaixo), Kenny Drew (Piano) e Philly Joe Jones (Bateria).

“All of the Above” é o segundo álbum de estúdio do MC norte-americano J-Live. Lançado em 2002, o álbum se destaca por linhas inteligentes e socialmente consciente por parte do MC, e também por uma lírica destacável com produções de Joe Money, DJ Spinna, Ticklah, Richy Pitch e o próprio J-Live.

“Blue Train” teve sua capa pelas mãos do fotógrafo Francis Wolff e pelo designer Reid Miles, já a capa do álbum “All of the Above” foi feita pelo diretor de arte Sam Wilson e pelo fotógrafo Frank Franklin.

EXTRA: A capa de “Blue Train” também serviu de inspiração para a capa do “12 Bar Blues” de Scott Weiland (Stone Temple Pilots) de 1998.

6 – Original: Alegria alegria Vol. 2 ou Quem não tem swing morre com a boca cheia de formiga (Wilson Simonal) / Sampleada: Todo Mundo Ama O Sol (Tarcis)

Wilson Simonal é inegavelmente um dos maiores nomes da Black Music brasileira, seu álbum “Alegria, Alegria Volume 2 ou Quem não Tem Swing Morre com a Boca Cheia de Formiga” foi seu sétimo de estúdio, lançado em 1968 pela gravadora Odeon, sendo um trabalho repleto de Soul, suingue e pilantragem.

“Todo Mundo Ama o Sol” foi lançado pelo MC e beatmaker carioca Tarcis em 2021 pelo coletivo intitulado Covil da Bruxa, um álbum repleto de sonoridades e de participações especiais como Indy Naíse, Bia DOXUM, Bivolt, Puma e VND, quase que todo produzido pelo próprio Tarcis, com exceção da faixa “Gato Preto” que foi produzida por Gabriel Luna. 

A capa de “Todo Mundo Ama o Sol” teve sua foto feita pelo talentoso Rafael Rodrigues e ilustrada por Ronne Peterson Junior. Já a clássica obra de Wilson Simonal teve design feito por Moacyr Rocha e fotografia assinada pelo Studio Maitiry.

7 – Original: Yeezus (Kanye West) / Sampleada: TIPOLAZVEGAZH MIXTAPEH (Vandal)

Aqui estamos falando da Elite né? “Yeezus” foi lançado em 2013 por nosso queridíssimo e polêmico MC (e último dos românticos) Kanye West pela Roc-A-Fella Records. As gravações do álbum começaram em 2012 em Paris (Quem estava em Paris?), trazendo uma sonoridade bastante experimental com elementos do Dancehall e até mesmo de Industrial Music.

Já “TIPOLAZVEGAZH MIXTAPEH” foi lançado em outubro de 2015, pelo MC soteropolitano Vandal. Essa mixtape flerta em seus diversos momentos com sonoridades vindas do arrocha, do pagodão e da música eletrônica, mostrando um MC que, em meio ao caos, lança um dos projetos mais memoráveis dos últimos anos no Rap nacional. 

O mais curioso é que nesse momento estamos falando de álbuns sem encartes em uma sessão de sampleando capa (???), porém era inegável a necessidade desses clássicos estarem presentes em nossa lista.

8 – Original: Judgment! (Andrew Hill) / Sampleada: Overcast! (Atmosphere)

“Judgment!”, lançado em 1964, pelo pianista estadunidense Andrew Hill, pela Blue Note Records, é um álbum de 7 faixas com uma estrutura harmônica bastante complexa e conta com a participação do baterista Elvin Jones, o baixista Richard Davis e o vibrafonista Bobby Hutcherson.

Já “Overcast!” foi lançado em 1997 pelo duo de Minneapolis intitulado Atmosphere pela Rhymesayers Entertainment. Em 2017, ele foi relançado com novas faixas e uma nova capa que ainda leva claras referências à original, porém com uma roupagem mais minimalista.

A capa de “Judgment!” de Andrew Hill teve sua fotografia assinada por Francis Wolff e design por Reid Miles e “Overcast!” de Atmosphere teve seu design e fotografias por um dos integrantes da dupla, o rapper Slug e por Brent Sayers, a tipografia que é vista na capa foi assinada pelo artista visual Aaron Horkey.

9 – Original: This Year’s Model (Elvis Costello) / Sampleada: This Charming Mixtape (Theophilus London)

“This Year’s Model”  de Elvis Costello foi lançado em 1978 pela Radar Records, por volta de um ano após o lançamento de seu primeiro álbum intitulado “My Aim Is True”. Para esse projeto, que abordava sonoridades vindas do New Wave, Power Pop e Punk Rock, Elvis contou com a colaboração de Steve Nieve no piano, Bruce Thomas no baixo e Pete Thomas na bateria.

Mais de três décadas depois, mais especificamente em 2009, o artista Theophilus London do Brooklyn lançava sua aclamada mixtape “This Charming Mixtape” que conta com uma forte influência da música eletrônica. Esse trabalho em específico foi o que apresentou London para um público maior, fazendo inclusive com que ele se apresentasse futuramente no Festival de Cinema de Cannes de 2011.

Curiosamente, “This Year ‘s Model” foi relançado em outros idiomas como o espanhol, onde essas versões também levam capas readaptadas da original, porém não consegui encontrar a informações dos responsáveis por assinar a capa de nenhuma das obras desse Original/Sampleada.

10 – Original: Slime Season 3 (Young Thug) / Sampleada: PRINS (Chris MC)

“Slime Season 3” do Young Thug foi lançado em 2016, pela 300 Entertainment e Atlantic Records. São oito faixas que contam com a participação de MCs como Yak Gotti, Lil Duke e Peewee Roscoe, além disso conta com um time de produtores bastante interessante, com Mike Will Made It, London on da Track, Allen Ritter, Isaac Flame e MariiBeatz. De maneira geral foi um trabalho bem recebido pelo público, estreando na sétima posição na Billboard 200 dos EUA.

“PRINS” foi lançado em 2019 pelo rapper mineiro Chris MC, com a participação de Baviera, Sos, FBC, Pan Mikelan e Luccas Carlos. O álbum é quase todo produzido por Malive, porém conta com a colaboração de Jnr Beats em “Facetime” e “Corre”, e com a do próprio MC em “Céu Azul” e a faixa “Pros meus manos” que foi totalmente produzida por Dallas.

A capa de “Slime Season 3” é creditada pelo artista Fano, porém uma polêmica de plágio foi bastante comentada na época, no reddit Fano foi acusado de roubar a arte feita pela namorada de um fã e adicionado sua logo. Já o álbum do rapper mineiro teve fotografia e direção de arte por Natália Neves e Marcelo Martins.

Ai a mina quer fumar haxixe, Ah mano…
toma, fuma, já fumei
tu ta tão sequela que nem viu que eu te passei
toma, fuma ja fumei
Tu ta tão chapada que nem viu que eu te rolei
Shock o Qxó – Xish (Check Remix)

Bem, esse foi mais um Sampleando Capas e espero que gostem de ler assim como eu gostei de desenvolver essa coluna. Quem não conferiu a primeira edição é só clicar aqui. Até uma próxima lista!

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