DJ E.B.

DJ E.B. lança o EP “Resgate”!

Recheado de participações de MCs e DJs, o novo trabalho do DJ E.B. é 100% Boombap, com boas rimas e muito scratch!

Antes de falarmos do lançamento do EP “Resgate”, você sabe quem é o DJ E.B.?

Eduardo Barretto, 28 anos, mais conhecido como DJ E.B, tem mais de 12 anos de experiência nos toca-discos, percorrendo pelo Rap, Soul-Funk, Jazz e música brasileira. Em 2011, ele abriu o show do Foo Fighters no Lollapalooza, tocando com o Pavilhão 9, banda da qual fez parte.

Tocando sozinho, abriu os shows dos mestres Gilberto Gil e Caetano Veloso. Abriu também shows dos gringos  Damian Marley, DJ Craze e Kid Coalat, Gaslamp Killer e Slum Village.

DJ E.B.

Em 2018 ele tocou no Festival Coala, apresentando seu projeto com o DJ Sleep, onde ambos tocam simultaneamente só compactos de música brasileira. E no fim de 2019 abriram o show do grupo canadense BADBADNOTGOOD com participação de Arthur Verocai.

Além de tocar em grandes eventos no Brasil, E.B. também tem uma carreira internacional, onde fez uma tour pela Califórnia, tocando na edição de LA e OAK da Motown on Mondays.

O EP Resgate, não é o primeiro trabalho produzido, pois ele já trabalhou com Sandrão RZO, Rhossi Pavilhão 9, Rappin Hood, Kamau, Costa Gold entre outros (Produzindo e mixando).

Atualmente lançou junto com o bar Pizzaria Picco, o selo musical Vitrine, com o intuito de fomentar a cena da música instrumental e de beatmakers do Brasil. 

Vocês podem acompanhar todos os trabalhos do DJ E.B nas plataformas digitais, YouTube, Instagram e Facebook.

No dia 10 de junho ele soltou nas plataformas digitais o EP “Resgate” e nossos colaboradores DJ DZ e Nobru Izru ouviram o trabalho pra trazer um pouco das faixas e de quebra trocaram uma ideia foda com o EB sobre esse projeto. Se liga na sequência!

1 – Agonia

Produção: DJ E.B.
Vozes: Rodrigo Ogi, Ashira e Murica

O nome dessa faixa já fala por si. Com um beat tenebroso, Ogi começa rimando com os dois pés na porta, falando sobre a sensação de algo/alguém o perseguindo e ele tentando fugir. Ashira veio na sequência rimando e cantando, ela trouxe ainda mais a sensação de desespero, ao falar sobre estar presa dentro de um quarto/cela e não conseguir sair. Murica encerra a track, falando sobre aguardar um amigo na esquina, mas ele não chega. Enquanto isso, fumando um e ligeiro com a polícia.

Entre a transição de um MC para o outro, E.B. colocou uma colagem da “Rapaz Comum” dos Racionais, que tem tudo a ver com o contexto da música.

2 – Underground

Produção: DJ E.B. e Nenê Vianna
Voz: Ordem Natural

Numa batida seca e direta, os manos do Ordem natural rimam sobre a dificuldade da cena do Rap underground, misturado com os problemas do dia a dia da vida. Deixando óbvio que é tudo por amor à música. E.B. Finaliza com scratches de Raps clássicos, como Sabotage, Rappin’ Hood e outros.

3 – Resgate

Produção: DJ E.B. e Nenê Vianna
Vozes: Sombra e Cris SNJ

A faixa leva o nome do EP. No caso, é um resgate do Boombap, da Golden Era anos 90. A cara da dupla Sombra e Cris SNJ. Na era das curtidas, likes e redes sociais, eles rimam deixando óbvio que ainda é importante passar uma mensagem positiva em uma letra de Rap.

A batida casou demais com a dupla e deu uma nostalgia das músicas clássicas do SNJ. No final, E.B. inclui colagens de músicas do Kamau e também do próprio SNJ.

4 – Até Eu

Produção e Scratches: DJ E.B.
Voz: Espião

Essa base é um respiro do tema mais “tenebroso” que o EP possui. Entre questionamentos e um sermão sem discurso moralista, como o próprio diz, Espião somou brilhantemente. As ideias sobre a doutrina das igrejas religiosas sobre as pessoas e como líderes cometem atrocidades nos chegam a dar um nó na garganta de angústia. “Sempre foi assim e sempre vai ser, o medo do desconhecido é a fonte do poder” é muito papo reto! É mais uma mistura de gerações que deu muitíssimo certo.

5 – Sem a Sombra Não Hà Luz

Produção e Scratches: DJ. E.B. e Gus Caram
Voz: Rafael Bode

Rafael Bode é parceiro de longa data de E.B.. Eles trabalharam juntos lá em 2010, num grupo chamado Corrosivos, então já sabemos que a sintonia é grande. Essa faixa conversa muito com a anterior por dar continuidade no assunto sobre como as pessoas se tratam e são tradadas. Onde há luz, há de ter sombras inevitavelmente. São as duas faixas que mais se conversam dentro do trabalho todo.

6 – Profissão DJ

Produção: DJ E.B.
Scratches: DJs E.B., Sleep, Erick Jay, Novset, Cinara, Mistaluba e Pow

Essa faixa é um presente para os DJs. Há quanto tempo não vemos uma música inteira dedicada a eles (nós, rs)?
Rimando com as mãos, cada um tem uma barra na música para riscar livremente. Dá pra reparar que o próximo DJ sempre entra na introdução e a ordem deles é de acordo com a ficha técnica (acima). A importância dessa faixa é imensurável, pois reafirma a essencialidade do instrumento musical chamado de toca-discos. Interessante que o EP começa e termina resgatando. Nessa faixa de despedida, ele resgata uns dos pilares da cultura Hip-Hop, o real Deejay! Obrigado por isso, E.B.!

Kalamidade: Salve, E.B.! Satisfação total em trocar uma ideia contigo. Vamos começar do início, rs. Conta pra gente como começou a ideia do EP?

DJ E.B.

DJ E.B.: No começo da pandemia eu estava em um processo de pesquisa musical. Eu sempre chapo em trilha sonora de filme, aquelas coisas diferentes e obscuras. Aí caí numa cena de trilha sonora de filme italiano, feito por italianos. Nessa acabei descobrindo um site com mais de 200 trilhas de filmes italianos das décadas de 60 e 70. Sons do Giorgio Moroder e vários outros produtores. Sampleei esse material e fiz acho que 25 beats e comecei a pensar se deveria lançar assim mesmo. No final eu desencanei do conceito e quis fazer alguma coisa com Rap nacional, que é algo com que eu trampo tem 12 anos. Já gravei um álbum do Sandrão, trabalhei com o Costa Gold e etc., mas ainda não tinha lançado algo meu, concluí que estava na hora de formar um time de MCs para rimarem nesses beats.

K: Como rolou o convite com cada um?

E.B.: Bom, nessa caminhada tocando eu conheci uma galera, né? Por exemplo, conheci o Ogi através de amigos. Ele foi a primeira pessoa que chamei, porque quando fiz a base já pensei em um storytelling dele. O Sombra participou do disco do Sandrão que gravei e nos tornamos amigos. O Murica eu conheci porque o Ogi me ligou de Brasília e pediu para colocar ele no som. Assim fui convidando. Alguns aceitaram e outros não, por não se identificarem com os beats (é um processo normal).

K: Como surgiu o nome “Resgate”?

DJ E.B.

E.B.: Com os 25 beats prontos, surgiu a ideia de lançar uma beattape com o nome “Emanuelle” (sequência de filmes eróticos dos anos 70 e 80), mas conversando com a Mary G, chegamos à conclusão que não seria legal. Aí fui juntando os MCs, eles começaram a rimar, mas ainda não tinha nome. Até que o Sombra rimou sobre resgate no refrão, aí que veio o conceito de resgatar a estética dos anos 90 com sample, bateria, scratch e mensagem nas rimas. Essa faixa nós lançamos junto de um vídeo clipe.

K: A ordem das faixas tem um caminho/significado?

E.B: Não. Depois de ouvir as faixas eu fui sentindo como deveria ser a ordem. Tanto que as primeiras faixas começam mais tensas, depois fica um pouco mais leves.

K: Como foi a criação da faixa “Profissão DJ”?

E.B: Eu gostei muito daquele beat e queria ele no EP, mas acabou sobrando. Aí, por acaso, eu caí no disco “My Vinyl Weighs A Ton” do Peanut Butter Wolf, produtor da Stones Throw Records, que tem a faixa “Tale Of Five Cities” em que vários DJs fazem scratch. Eu quis fazer uma homenagem e uma referência, chamando DJs da cena brasileira para riscarem. Alguns são mais próximos, outra galera admiro muito o trabalho e achava importante estarem junto. Agora minha brisa é fazer várias e ir chamando a galera pra fazer colagem. Tem que existir scratch no Rap, né? Tem espaço pra tudo, tem que misturar mesmo.

K: Quem escolheu as colagens da “Agonia”? Que por sinal, ficou absurdo!

E.B.: Cara, foi tudo ideia do Ogi. Ele escolheu um trecho de “Rapaz Comum” e pediu para eu escolher outro, porque tinha tudo a ver com as rimas que ele tinha escrito. No início era pra Ashira fazer apenas o refrão da música, mas ela gravou e não curtiu tanto, então ficou com a parte que seria um verso. Decidi então montar uma estrutura estilo cypher, com o Murica finalizando a rima. Inclusive escolhi o nome “Agonia” porque é a última palavra que o Edi Rock diz na colagem. Tudo se encaixou perfeitamente. Parece até que ele é uma quarta pessoa na música, rs. O Ogi foi foda nessa ideia!

K: Como surgiu a ideia da capa e quem foi o responsável?

E.B.: Eu gosto pra caramba de Jazz, tanto de ouvir quanto da estética. Por mais que o disco não tenha essa estética de Jazz eu pensei em pegar essa foto tirada pela Mary G em um evento em Belém do Pará e mandar pro Magrão (DJ da festa Fresh). Eu queria somar com alguém que tem uma história e é uma referência, e ele criou várias capas importantes como “Nó Na Orelha”, por exemplo. Passei minhas referências e ele me mandou várias opções ai chegamos nesse resultado. A foto ficou bem despretensiosa. Nela eu estou pegando um compacto de Jazz.

K:  Como foram as sessões de estúdio com os MCs e quanto tempo demorou para ficar tudo pronto?

E.B.: Vou falar pra vocês que os únicos que eu trombei pessoalmente foram o Sombra e a Cris. Inclusive, uma história interessante, é que fazia mais de 10 anos que eles não trabalhavam juntos. Então imagina a responsa que eu tive! Eles ficaram super felizes com o chamado e escreveram a letra no dia da gravação, no estúdio da Cavepool. O trabalho com todos os outros foi online. O Murica, por exemplo, eu não o conheço pessoalmente. Eu fiz os beats em 2020 e até agosto de 2021 foi o trâmite de gravação. Alguns gravavam rápido, outros nem tanto. Tudo isso por conta da pandemia.

K: Agora a pergunta que os DJs querem saber: e o vinil?

E.B.: Materializar um trabalho em vinil é muito importante. Ainda mais pra nós que respiramos a cultura dos toca discos. Eu gostaria muito de fazer o EP inteiro, mas está tudo muito caro. Então fiz uma parceria com a marca blaze, onde fizemos um kit de 25 camisetas e 25 compactos da faixa “Resgate”. Fiquem ligados aí que logo mais a gente lança!

É isso, família. Acompanhem o trabalho do DJ E.B. pelas redes sociais e nas plataformas de streaming. Sintonizem o EP “Resgate” e contem pra gente lá no post do insta o que acharam dessa obra, certo?

Texto por DJ Nobru Izru e DJ DZ

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